Último encontro "As mulheres e as políticas públicas (SUS)" dia 01/12/18
Como sempre acontece nos encontros, o primeiro momento tratou-se de uma retomada do tema anterior, referente à violência doméstica.
No segundo momento, houve uma conversa sobre como é o acesso no SUS. Uma das integrantes do coletivo, Gabriela Pinheiro, é estudante de medicina e assim, tem um contato maior com a área de saúde. A conversa foi conduzida por ela, e nela foram abordados alguns pontos importantes; foi implantado não há muito tempo no sistema único de saúde, uma central de regulação, responsável por realizar a marcação das consultas nos postos e hospitais. Os relatos das integrantes do curso e usuárias do sistema público de saúde foi de insatisfação quanto a esse sistema de regulação. Segundo elas, tornou-se mais difícil conseguir uma vaga e antes, mesmo que a pessoa dormisse na fila, conseguia.
Um dos objetivos do curso é discutir sobre a realidade cotidiana das cursistas, além de questionar como essa realidade interfere diretamente na construção da cidadania, apontando sempre para as possíveis causas e soluções para os problemas nos diversos contextos. Sendo assim, esse encontro teve um enfoque maior nos relatos sobre as experiências com o sus. Dessa forma, o outro ponto abordado tratou do atendimento nas emergências. As cursistas relataram não estarem satisfeitas com a forma de atendimento nas unidades de emergência, sendo a maior reclamação referente aos recepcionistas, que não as atendem de forma adequada e educada, dando informações erradas. Houveram reclamações também acerca do acesso aos medicamentos.
O terceiro momento tratou dos conceitos sobre o que seriam políticas públicas e como é a atuação do Estado na efetivação de direitos como saúde, educação,a asfaltamento de vias públicas, segurança, emprego e aumento de salários. Levantou-se também a questão sobre a quem destinam-se as políticas públicas. Nesse ponto, elas conseguiram captar a ideia de como o Estado atua para reparar, seja por meio de políticas públicas ou afirmativas, as desigualdades. Ou seja, como mulheres trabalhadoras, entenderam que a função do Estado destina-se sobretudo, para pessoas com o perfil socioeconômico semelhante ao delas. Houve também a discussão sobre a classificação das políticas públicas, como exemplo as políticas distributivas, sociais ou afirmativas.
Dentro da discussão sobre as políticas sociais, levantou-se a pauta Bolsa Família. Muito se discute sobre a distribuição dessa política do Estado em fornecer auxílio financeiro de acordo a quantidade de filhos que uma determinada família possui. Alguns mitos precisaram ser quebrados, tendo em vista que ideias voltadas ao senso comum e à crítica infundada ao programa, acaba por gerar preconceitos. Para isso, a professora Renata trouxe dados estatísticos acerca da distribuição do programa.Vânia aproveitou para contar sua experiência no uso desse. Segundo ela, havia uma conta poupança da família, que ela movimentava para guardar dinheiro. No entanto, como não houve o recadastramento, essa conta não foi declarada. Resultou-se que a Receita Federal descobriu e a família perdeu o benefício.
No terceiro momento houve a exibição de um vídeo sobre as bases de funcionamento do SUS e como esse sistema funciona como política pública universal, ou seja, para todos. O conteúdo do vídeo trazia a história do SUS e também as suas finalidades como estratégia de saúde da família.
Ainda nesse momento, foi debatido como se dá o acesso das mulheres que precisam fazer o acompanhamento pré-natal pelo sistema e também parir. Foi relatado os problemas em conseguir ultrassonografia e além disso, a peregrinação das mulheres entre as maternidades para conseguirem acesso aos leitos. Aproveitou-se com isso para levantar o debate acerca da violência obstétrica e racismo na saúde. Discutiu-se que a saúde das mulheres vai além do âmbito reprodutivo, exemplificando com casos de mulheres negras que sofrem com a violência médica, baseado no mito de que o corpo negro aguenta mais dor.
Haveria uma convidada para participar do momento após o intervalo. No entanto, por motivos pessoais de saúde ela não compareceu. Logo, o segundo momento tratou das percepções delas sobre o curso de um modo geral. As respostas foram positivas e elas demonstraram interesse em continuar caso a turma seguisse. Josy disse que tudo o que ela ouviu no curso, seja relacionado a racismo, a violência e preconceito contra a mulher ela está aplicando em casa, inclusive sobre violência doméstica. Agradeceu também o auxílio com as demissões que estavam ocorrendo na empresa e que agora elas sabiam a quem recorrer quando precisassem de ajuda, pois sabiam que não estavam sozinhas. Aproveitou-se também para discutir-se os detalhes sobre a formatura da turma. Ficou decidido que a turma se chamaria Maria da Penha e que Josy seria a oradora.


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