Encontro do curso PLP no mês de Outubro/2021

Em outubro, tivemos o 5º encontro do curso PLP, no dia 16. Com o tema “Violência institucional e formas de enfrentamento”, contamos com a participação de Laina Crisóstomo,  Co-Vereadora da Mandata Coletiva Pretas por Salvador.


Logo no início de sua fala, Laina agradeceu pelo convite e reforçou a ideia de que os cursos PLPs são parte do processo de empoderamento e conhecimento, uma vez que o acesso ao conhecimento é poder. Ela destacou que a luta é constante - “A gente faz luta a partir do que a gente sofre todos os dias". Em todos os espaços, as violências contra a mulher estão presentes. "Nos espaços mistos os homens sempre querem se sobrepor".

Mencionando a simbologia Sankofa, Laina explicou que se nós mulheres estamos nesse espaço dialogando sobre todos esses temas, é por que muitas outras mulheres vieram antes de nós e lutaram para conseguir isso.


Após comentar um pouco sobre a mandata coletiva da qual participa, Laina explicou que a maior forma de fazer enfrentamento a violência institucional é por meio das lutas coletivas - "enfrentamento às violências institucionais a partir da coletividade". Ela reforçou a importância de gritar junto para reconhecer a potência do seu grito.



Na sequência, a Laina comentou sobre como as mulheres, em todas as áreas, são descredibilizadas. E, especialmente na política, isso é muito forte. Ela prosseguiu comentando sobre como nós, mulheres, nos cobramos, em um processo muito violento. Somos questionadas o tempo todo sobre a nossa capacidade de falar. No entanto, ela destacou que nenhum direito que as mulheres conseguiram até hoje foi sem suor e sangue. Nada foi dado. Foi tudo fruto de muita conquista. Foram 10 anos até chegar a lei do feminicídio - "10 anos observando o assassinato de mulheres para o sistema político aprovar uma lei específica". Todas essas conquistas são pautadas no que a gente vivencia. E todas elas só foram conquistadas coletivamente. 


Em seguida, Laina se aprofundou na discussão sobre a violência institucional e as formas de enfrentamento. Atualmente, temos duas grandes leis no ordenamento brasileiro: a Lei Maria da Penha e a Lei do Feminicídio. Ela ressaltou a importância da advocacia popular e feminista, e comentou sobre como é a situação atual dessa violência institucional contra a mulher.


Então, ela comentou sobre a sua realidade na política, como vereadora: são 9 mulheres na Câmara de Vereadores de Salvador, e 43 homens. Depois de contar algumas situações na casa legislativa, ela destacou que "aprendendo a se colocar nos espaços de poder...isso é feminismo, mesmo sem saber".


Em seguida, Laina discutiu um pouco sobre a rede de enfrentamento da violência contra a mulher - DEAMs, casa de acolhimento, casa de referência… Para que tal rede funcione, são necessários recursos. E se nós não ocuparmos os espaços, não há como enfrentar essa violência: “Não tem como fazer enfrentamento a violência institucional se não ocupar os espaços”, Laina comentou.


Ela destacou que as violências institucionais têm a ver com o machismo institucional e estrutural, e apenas criar leis não muda esse pensamento. Ela frisou que a gente precisa mudar as estruturas, ocupá-las. E algumas formas de fazer isso é participando dos conselhos populares, participando dos espaços que fazem o debate político da cidade…



Na sequência, Laina comentou sobre a invisibilidade das mulheres, algo que é proposital, com o intuito de invisibilizar as nossas histórias. Hoje, estamos fazendo um caminho de não voltar para trás. É sobre se reconhecer no mundo. A gente não tem medo de fazer a luta. A gente não tem medo de fazer enfrentamento.


Ela destacou a importância de potencializar as nossas pautas, o nosso lugar de fala, sendo o protagonismo da luta pertencente a quem sofre a opressão. Laina reforçou que é preciso entender a perspectiva do protagonista da pauta. Ela comentou sobre a importância do “debate de combate ao machismo e racismo estruturais, e o plantar a semente do feminismo com quem estiver perto de nós”. 


Ainda, ela frisou que o enfrentamento deve ser feito na coletividade. A violência acontece também no nosso entorno, no nosso bairro, na nossa família. E o enfrentamento começa com o diálogo. As mulheres movimentam muito. E em conjunto, numa rede, podem muito mais. Nesse sentido, Laina destacou a importância dos espaços em que a gente consegue ser a gente, ser quem a gente é, sem ser julgada, sem ser podada, sem ser cobrada. Além disso, ela destacou também a necessidade de agirmos coletivamente e de denunciar as violências que sofremos.



Ao final, após os depoimentos e falas das participantes do curso, Laina reforçou: “É para fora da academia. São vivências reais, marcadas por violências, por falta de acesso…”. Espaços como esses são fundamentais para nos fortalecer, para nos lembrar que não estamos sozinhas, construindo algo que é verdadeiro e potente.


 

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