Sétimo encontro "Direito de família" dia 20/10


            O encontro foi iniciado às 07:00h e o primeiro momento tratou-se da retomada das percepções sobre a oficina que ocorreu no dia anterior, sobre assédio sexual e moral no trabalho. As trabalhadoras disseram ter gostado muito da oficina e que a discussão foi eficaz.
Ainda dentro desse momento de retomada, foram levantadas questões acerca do trabalho doméstico como forma de relembrar as frases ditas no encontro passado, e se as divisões de tarefa em casa eram realizadas e como. Uma das extensionista, Renilda, contou sobre como é necessário ter autoridade em casa, independente de a mulher trabalhar fora de casa ou não. Além disso, da importância de ter autoridade sobre si mesma. Edna disse: “essa geração já ajuda mais em casa, mas o meu marido só chega pra dormir”.
Depois desse momento de retomada houve a introdução ao tema Direito de família. Marcelle conduziu com o seguinte questionamento: o que é família? Existe um conceito? Como vocês definem família?
A partir daí a discussão tomou uma boa proporção; todas as participantes emitiram alguma opinião. As definições foram parecidas, no sentido de expressar pontos positivos sobre a família, como o sentimento de união, cuidado, proteção e apoio. Ainda nessa discussão, houve o questionamento acerca da composição familiar dos ali presentes. A maioria era composta pelo mais comum modelo de família: pai, mãe e filhos. No entanto, existiam ali também mães que criaram seus filhos sem o auxílio direto do pai e também famílias sem filhos, como a de Renilda, composta por ela e o marido.
Foi mencionado a declaração do general Mourão, vice candidato a presidente da república, acerca de filhos que são criados por avós, formando uma fábrica de desajustados. As trabalhadoras criticaram essa fala e não concordaram, trazendo casos conhecidos por elas de pessoas criadas por avós.
O segundo momento consistiu na dinâmica das palavras, que consistiu na distribuição de palavras que representariam a família e assim cada pessoa com uma palavra emitiu uma opinião sobre isso. As palavras foram: maternidade, paternidade, castigo, violência doméstica, trabalho, aceitação e chefe de família.
Dentro desse momento a discussão maior foi em torno da diferença de papéis exercidos entre homens e mulheres dentro da família, passando pelo debate da maternidade e da paternidade. Sendo assim, foi questionado: o que é mais fácil, a maternidade ou a paternidade? Vânia disse: a maternidade é mais fácil, pois é algo que já vem com a mulher, um negócio natural, e a paternidade não. Além disso, disse que maternidade é querer ser mãe e que não é fácil, mas é ter aquele cuidado.
Questionou-se se uma mãe ama os filhos da mesma forma que um pai ama. Segundo elas, não. A mãe é sempre mais dedicada e ama mais, além de ser a maior responsável pela educação dos filhos, pela correção, pelo cuidado, enquanto o pai não auxilia da maneira como deveria. Além disso, segundo Edna, as mães mostram mais, enquanto os pais são mais reservados.
Houve também a discussão sobre o castigo como forma de educar. Foi um consenso entre elas que bater nos filhos não é uma forma eficaz, que o caminho era a conversa, além de, quando necessário, retirar coisas que a criança gosta como vídeo game, celular, etc. Levando em consideração que a família tem o monopólio do castigo, foi discutido também sobre o papel da educação escolar na formação dos indivíduos. Algumas mulheres relataram a experiência da palmatória no colégio.
Sobre a chefia da família, houve o debate sobre a quem é destinado a manutenção econômica da casa. Edna disse: fulano deixa o cartão com a mulher, ela compra as coisas de casa e não deixa com ele porque ele é viciado em jogo.
Ademais, houve a discussão sobre a aceitação dentro da família. O principal ponto foi sobre a aceitação de filhos homossexuais, uma vez que é comum dentro da composição tradicional da família os filhos LGBTs serem rejeitados. Vânia disse: eu não sei porque minha irmã se envolveu com uma mulher, mas o importante é que ela está feliz.
Após a dinâmica houve a pausa para o intervalo e a convidada, Mariana Régis conduziu o resto do encontro. Mariana é advogada em causas de família. Ela compartilhou matérias de jornais com manchetes que mostravam casos de desigualdade no tratamento de homens e mulheres nos mais diversos ambientes. Vânia se lembrou do caso de uma das colegas, Cristiane, que foi demitida após o período de licença maternidade.
Mariana puxou o debate sobre as desigualdades existentes dentro das relações familiares. Além disso, sobre como as responsabilidades são divididas. Trouxe também o debate sobre a priorização da ascensão do homem em relação a mulher nos ambientes de trabalho e na família, como o investimento é direcionado.
Vânia disse que em casa o marido é autônomo, enquanto ela trabalha de carteira assinada, ou seja, tem horário para cumprir. Mesmo assim, nas reuniões de colégio do filho, o marido não quer ir e sempre sobra pra ela.
Por fim, levantou-se novamente a questão da paternidade. Foi pautada a questão da licença paternidade e como na verdade são as mulheres que pautam isso, sendo uma reivindicação do movimento feminista e não dos próprios homens. Algumas falas foram registradas: “os homens se sentem confortáveis em abandonar os filhos”. “meus filhos foram criados na creche, mas o meu marido não ajudava. Ele tinha emprego fixo, mas começou a beber e a fazer coisa errada”.


Comentários

Postagens mais visitadas