1º Encontro de Promotoras Legais Populares UFBA: início da construção de novos saberes coletivos

13 DE SETEMBRO, 2025

Ocupando o espaço da Faculdade de Direito da UFBA no dia 13 de setembro de 2025 foi realizado o primeiro encontro de formação de mulheres em direitos humanos e cidadania: Promotoras Legais Populares (PLP) de 2025. 


Primeiros diálogos

A abertura do encontro começou com a escuta de cada inscrita presente - todas se apresentaram compartilhando suas trajetórias e motivações.
Em seguida, a professora Camila Tribess apresentou a história das PLPs no Brasil, o desenvolvimento do PLP como projeto de extensão na UFBA e os dados das inscrições no projeto, revelando um grupo diverso e potente.

São 64 pessoas inscritas, entre mulheres trans, mulheres cis e pessoas não binárias, de diferentes idades e percursos.
Dentre elas, 50% são mulheres pretas, 26,6% pardas, 18,8% brancas e 4,6% indígenas — evidenciando a força das mulheres negras na construção coletiva do curso.

Áreas do conhecimento e participação político-social

As participantes vêm de diversas áreas do conhecimento: Direito, Pedagogia, BI de Humanidades. BI em Saúde, Ciências Sociais, Saúde Coletiva, Gênero e Diversidade, Serviço Social, entre outras.

Além disso, 40,6% das mulheres afirmaram participar de algum coletivo, organização ou movimento feminista, sendo eles:

  • AMAM – Associação de Mulheres que Apoia Mulheres

  • APROSBA – Associação de Profissionais do Sexo do Estado da Bahia

  • Associação Cultural de Mulheres do Calabar

  • Clínica de Direitos Humanos da UFBA (CDHUFBA)

  • Coletiva Mahin – Organização de Mulheres Negras pelos Direitos Humanos

  • Coletivo As Pretas Falam

  • Coletivo de Familiares de Pessoas Privadas da Liberdade

  • Coletivo de Mulheres Negras

  • Coletivo de Mulheres Presente

  • Coletivo do Calafate

  • Coletivo Quilombo das Iyás Xica Manicongo e Iyagunã Dalzira

  • Desencarcera Bahia

  • Empoderadas Digitais Motirô BA

  • Filhas da Ancestralidade – Movimento de Mulheres Indígenas

  • Frente Feminista UFBA

  • GESTOS

  • Grupo de Estudos “Quilombismos e Feminismos”

  • Grupo de Mulheres de Terreiro da Bahia

  • Laboratório do CEFMA

  • Lei das Marias

  • Movimento de Mulheres Olga Benario

  • Núcleo de Defesa das Mulheres (Nudem)

  • Rede Nacional de Feministas Antiproibicionistas (RENFA)

  • Rede Ubuntu

  • Teias Feministas Antonieta de Barros

  • Unegro

Inspirações e objetivos

O Promotoras Legais Populares da UFBA se inspira na experiência da Universidade de Brasília, no projeto “O Direito Achado na Rua”.
A proposta é oferecer um curso permanente de educação jurídica popular e feminista, aberto a mulheres de diferentes escolaridades e vivências.

O objetivo é fortalecer a autonomia e o conhecimento político, discutindo direito, raça, gênero e cidadania.
Mais do que transmitir conteúdo, o projeto pretende formar multiplicadoras, capazes de compartilhar saberes e defender direitos em seus territórios.

O curso possui caráter simbólico e político, e não profissionalizante. O foco está na formação crítica, coletiva e horizontal, reconhecendo a potência do saber produzido pelas próprias mulheres.

Etapas da formação

O projeto está dividido em duas grandes etapas:

  1. Formação interna – elaboração de pesquisas e encerramento com um evento de culminância.

  2. Formação pública – construção coletiva de um curso voltado à comunidade, para multiplicar o conhecimento adquirido.

Os temas propostos para os encontros quinzenais incluem educação jurídica popular, pedagogias feministas, direitos humanos, relações de gênero, questões raciais, cidadania, políticas públicas, Estado e democracia.

Para este primeiro ciclo, a turma foi organizada em três grupos de atuação:

  • Pesquisa de materiais para os encontros;

  • Levantamento sobre grupos PLP no Brasil;

  • Organização do evento de divulgação.

Histórico do PLP na UFBA

Neste primeiro encontro contamos com a presença de 2 PLPs formadas na turma de 2021, Josélia Santos e Lily Badaró, que compartilharam com o grupo as suas experiências enquanto extensionistas do PLP e o impacto do curso para sua formação acadêmica, política e pessoal. 

Juntas, começamos a construir

O primeiro encontro marcou um início coletivo e potente — de trocas, escutas e aprendizados. Entre as trocas e falas, firmou-se o compromisso de construir novos saberes, com base na solidariedade e na luta por direitos.

Como canta Sued Nunes, em Povoada:

“Quem falou que eu ando só?
Tenho em mim mais de muitos,
Sou uma, mas não sou só.”

E assim seguimos: povoadas de vozes, memórias, afetos e resistências.




Comentários

Postagens mais visitadas